Monday, January 31, 2005

Patriotismo

Relembro o 2004 e as bandeiras de Portugal nas varandas e nos vidros dos carros e penso: “Como os portugueses são nacionalistas!”. Eu não coloquei bandeira alguma em varanda alguma mas tenho a dizer que sou orgulhosamente português. Prefiro não exibir a bandeira do que a hastear no mesmo sítio onde se dependuram para secar as cuecas, as meias e as camisas. O orgulho de ser português não se mede pelo tamanho das bandeiras que se transporta mas pelas atitudes que se vai tomando para não se renegar a pátria. Mede-se na forma como, por vezes, somos embandeirados até ao momento em que dizemos ser portugueses. Eu explico. Já perdi várias vezes a oportunidade de travar e tragar conhecimento – Há conhecimentos que se tragam! - com uma boa dezena de gajas boas por ter dito que era português. Estou a falar a sério, senão visualize-se. Elas chegam-se àquilo que querem - Gostam de latinos mas não de portugueses. Bom elas chegam e começam com aquelas conversas clássicas de qualquer broeira: “Olá! Não nos conhecemos?”. Esta de perguntarem a outra pessoa se nós não a conhecemos é o cúmulo dos cúmulos! É uma amnésia quase tão caricata como chegar-se ao pé de um desconhecido e frasear: “Olá! Como me chamo?”. Eu, como ando com a memória que é uma lástima, digo: Talvez. O talvez é das palavras mais bonitas e úteis que existem. Está ela para um diálogo como o óleo para um rolamento – lubrifica o andamento. Bom, eu digo sempre talvez. Se estamos perante uma pessoa faminta ela insiste, continua: “Tenho a certeza que já te vi”. Fico lixado com as certezas das gajas de hoje, pá! Estão certas de tudo. Tudo lhes é evidente. A lucidez básica dá nervos! Muito bem, sou um sociólogo acima de tudo, gosto de estudar todos os esquemas. Digo: Talvez. Depois continuam: “Não costumas parar no bar X?” Irra! Falam de pessoas como se falassem de camiões?!?! Qualquer dia perguntam-me se não costumo estacionar no bar X. Digo que não. Desesperam mas não desaparecem. Recorrem às interjeições como forma de justificarem aquele passo em falso. Eu, condescendente como sempre, amparo-lhe a queda: “É provável que já nos tenhamos visto... Este é um mundo pequeno”. Elas gostam que lhes falem do mundo e do universo. Sentem-se seguras ao lado de gajos cosmopolitas, pessoas que sabem das coisas da vida, que conhecem a terra que pisam e as leis que regem o universo. Depois destas minhas aproximações indulgentes as conversas seguem os tramites normais da banalidade. Cigarro puxa palavra... Elas querem saber sempre mais. Não se esfregam em qualquer pessoa. Gostam de lhes conhecer as origens. Estão conscientes do peso hereditário na conduta dos homens, e perguntam: “Já agora... de onde és?” Detesto estes já agoras colocados para dar um ar de casualidade a uma pergunta que nunca lhes é casual. Já agora sou português de Portugal, digo. Portugal?!?! (leiam com sotaque britânico e façam aquela cara de rojão mal cozido, aquela cara em que um sorriso balofo é transformado numa caricatura horrenda de espasmo). Sim... português, porquê?! Fico logo irritado. Elas não se aguentam mais de 5 minutos e vão-se retirando de fininho.
Dizer que se é português de Portugal tem, para algumas mulheres, o mesmo efeito que se largar um peidinho engarrafado e mal cheiroso num local fechado. Eu não me renego, carago! Sou português de Portugal, venha a cara de rojão que vier.

Friday, January 28, 2005

Tempo

Stuttgart, Alemanha

Que mais é o tempo que a inquietação de quem se mantém acordado? Cinquenta minutos é a medição justa para admirarmos a beleza de Estugarda, de fugida. E não é de fugida que devemos sentir todas as coisas? Assim, breve. Entrar, abandonar-me em sinceridade, e sair com o mesmo descomprometimento da entrada. Assim, sem mais nem mas.

Sunday, January 23, 2005

Assalto ao Aeroporto II


O voo regular entre Frankfurt e o Porto de todas as Sextas às 21:00 horas é composto, maioritariamente, por homens dos sistemas de informação e engenharias informáticas, alguns gestores, alguns estudantes – lá se vai o tempo em que era um luxo para qualquer estudante ter uma BMX ou, mais tarde, uma motorização de uma Zundap 3 -, poucos professores e, nenhuns advogados. Este facto, acompanhado por um outro de manifestação muito maior, fez-me concluir que as companhias aéreas, no momento que este momento faz, não servem os reais interesses dos seus clientes e, assim sendo, perdem oportunidades e mais valias que eu, como um possível agente de marketing, de forma alguma perderia. Antes de vos descrever a minha estratégia deixem-me dizer que o facto de evidência maior em que se baseia a minha tese é composto pela trilogia: Ar de cansaço dos passageiros – a exigir sessões de relaxamento; Calvície ou inícios de calvície – comprovando uma desorganização hormonal; e, O simples facto de ser um avião repleto de portugueses – há um manifesto florido de bigodes naquele voo. Esta trilogia torna o grupo descrito no conjunto de indivíduos com maior propensão para a jorda da Península Ibérica e, talvez mesmo, da Europa. Ora, um grupo javardo como este requer e justifica uma nova estratégia de cativação de clientes – não fossem eles a razão de uma qualquer empresa. Outro facto que motiva a revisão das políticas das companhias aéreas é que, hoje em dia - tirando a parte do catering –, andar de avião é muito pior do que andar de autocarro - no autocarro dá, pelo menos, para o Silva ir dar a reconfortante mijinha entre os codessos!
A minha estratégia passaria por subir o preço dos bilhetes para o triplo do seu valor – calma, a medida é justificável se apurarmos o menu das mais-valias! Apresento pois o conjunto de factores críticos para o sucesso na reversão do mau serviço das nossas companhias aéreas, em quatro parâmetros, a saber: Ambiente a bordo; Animação; Preparação para a aterragem; e, Recepção.
Ambiente a bordo: Criar uma disposição quadrangular dos assentos em volta de mesas, tipo bar. Este arranjo assegurará o convívio entre os passageiros. A luz deve estar a meia luz porque uma luz a luz inteira fere a vista de quem se apresenta com ar cansado. Pelo ar condicionado deve ser libertado odores exóticos de tempo a tempo: Frutos silvestres, brisas marinhas, et caetera. Imagens e sons subliminares devem passar mensagens tipo: “Coma, beba e copule! Coma, beba e copule!”. A música ambiente deve ser colocada por DJs convidados.
Animação: As manobras descolagem e de aterragem devem ser executadas, após rigoroso sorteio, pelos passageiros - numa boa política de marketing tem que haver sempre um bom sorteio. Estou já a imaginar os coros: “Senhor motorista, por favor, carregue mais no acelerador!”.
Para abrir a animação, propriamente dita, um show de mulatas ao som de urras gritados pela malta, depois de, obviamente, terem sido distribuídas as cervejas e os amendoins. Aliás, o catering à base de amendoins e cervejas para além de reduzir em muito as despesas com alimentação e aumentar a satisfação dos clientes viria substituir o tradicional bifinho de vaca ou de peru ou ainda de frango que, como é sabido, é coisa de tótó.
A tripulação masculina nos momentos mortos poderia vestir-se de palhaços e cuspir fogo... Atenção, não abusar muito do uso desta animação por causa dos inerentes riscos com o combustível!
As visitas guiadas ao cockpit com opção de test-drive e outras surpresas devem também ser incentivadas. Os portugueses gostam de sentir entre mãos o poder das máquinas: Vrun! Vrun! Vrun!
Toda a animação, para além de ser entremeada com uma feijoada ou um cozido à portuguesa para ir habituando o estômago à comidinha caseira, deve ser fortemente baseada em formatos demonstração, por exemplo, um strip-tease apresentado por uma personalidade de renome na arte, uma sessão de danças latinas, et caetera.
Preparação para a aterragem: 45 minutos antes da aterragem arrancamos com a estonteante demonstração de Dutty Frees. Sabe-se que vender relógios, perfumes e outras bijuterias mesmo que livre de impostos requer um certo ânimo. Neste sentido, e para colmatar o deslize que essa área do negócio apresenta, enquadra-se bem um desfile em lingerie – que poderia também ser leiloada na mesa mais central do avião. “Tira! Tira! Tira!” -. As promotoras dos objectos desfilariam pelas mesas exibindo relógios, brincos, pulseiras, perfumes, et caetera. É sabido que a força do marketing directo tem retornos directos e, para além disso, a apreciação de um bom perfume, de um bom relógio ou de um simples piercing só poderá ser correctamente degustada com a sua demonstração in-loco e ao vivo.
Recepção: A viagem terminaria com a recepção apoteótica dos passageiros por uma das claques da cidade, à vez para não criar confusões.
Agora pergunto: Estaria ou não na disposição de pagar três vezes mais por uma viagem de avião? Ele há cada uma!

Wednesday, January 19, 2005

Hot, hot, hot, very Hotel!

München, Alemanha

O “Anna Hotel” Café Restaurante, em Munique, tem o esmero necessário da presença mais feminina e a pitada quê bê do abandono congénito em qualquer aparência puramente masculina. Tudo junto dá esoteria que lá me laçou duas horas de um sábado quase húmido.

Tuesday, January 18, 2005

Assalto ao Aeroporto I

Sempre que entro num avião assalta-me aquela ansiedade esquizofrénica de saber quem é ou são as pessoas que me vão fazer companhia durante toda a viagem. Confesso: Não gosto de pessoas espaçosas a meu lado!
Foi numa destas viagens em que, depois de ouvir a hospedeira mestre dizer que o avião estava pronto para arrancar, me consciencializei de que ninguém se sentara a meu lado no banco. Cheirei-me e olhei-me para me aperceber que nem cheirava mal nem aparentava mal e, ao cheirar-me e olhar-me pude, com um razoável grau de certeza, atribuir o facto às incertezas da sorte. Não tive que dizer “eu quero um banco só para mim!” porque o tinha efectivamente e sem o reivindicar.
Aquele estado de liberdade – antes sozinho que mal acompanhado! - para além de me aliviar os movimentos concedeu-me o espaço suficiente para a desopressão de pensamentos, mas, assumo, foi a visão de uma hospedeira loira, bonita de um bonito cada vez mais ausente nas diferentes corporações de hospedeiras, onde o azul marinho dos seus sapatos lhe encerrava harmoniosamente todo um charme ali feito na vertical, que me fez iniciar um exercício matemático. Um simples jogo de probabilidades. Questionei pois qual seria a probabilidade de uma mulher, na verdadeira acepção da palavra, se vir a sentar ao meu lado num voo internacional?
Olhei o avião como nunca o houvera olhado para determinar que 90 por cento dos passageiros eram homens. A amígdala emocional do meu cérebro apressou-se logo a concluiu que, considerando-se certa a estimação dos 90%, teria então 10% de probabilidade de ao meu lado se vir sentar uma mulher na verdadeira acepção da palavra. Um “Nada disso!” disparou automaticamente da bancada racional. Sabendo-se que no universo mulher, 50% viajam acompanhadas pelos maridos ou namorados foi fácil chegar a um valor aprovado por maioria: 5% passava então a ser a probabilidade determinada.
Fiz quase toda a viagem convicto de que, face ao valores simulados, teria chegado a uma estimação quase precisa para a questão que me assaltara naquele voo, mas... A democracia de meios do meu tempo é mister em dar voz, e ainda bem, às minorias... Aproveitando-se do facto, a pequena bancada documental do meu cérebro – tenho uma memória que é uma lástima! – apresentou-me novos dados que ao serem considerados como válidos fizeram do último valor estimado um valor errado. Não foi mais que assim: É sabido, por verificação empírica, que os 50% de mulheres que viajam sozinhas ou são executivas ou engenheiras. Por argumentação académica é também válido o pressuposto que diz que todas as mulheres, no momento do seu nascimento, têm que optar entre serem bonitas ou engenheiras (ou executivas). Considerando a validade das duas proposições anteriores, pude concluir, humildemente, que, por consentimento universal, 0% é a probabilidade de ao lado de um passageiro se sentar uma mulher, na verdadeira decepção da frase. 0%! Assim, entrar num voo internacional com pretensões libidinosas é tão despropositado como eu estar aqui a tentar encontrar uma conclusão séria para um texto que jamais o foi.

Friday, January 14, 2005

Boxers

Caminhas com os meus boxers azul marinho em amarelo quadriculado com os púbicos pêlos de fora. Mexes silenciosamente as ancas e nem assim consegues disfarçar a sensualidade toda, tua. O busto é firme como firme és mas não tão orgulhoso como tu. Vais arrumando as coisas nas coisas por onde passas e ficas linda, tu, os meus boxers, o silêncio das tuas ancas, a firmeza dos teus seios tão firmes quanto tu. E vives, vives, vives entre ti e a distância daquilo que tocas.
Às vezes, de quando em vez, muito de quando em vez, mesmo muito de quando em vez, quando passas um pouco para além do que consegues alcançar, vens até mim com um beijo esquivo. Esguio. Mas beijo. Sincero. Teu. E prossegues. Os boxers azul marinho em amarelo quadriculado com os pudicos quase de fora.
Prendes os cabelos com o elástico que trazes no pulso. Prendes com qualquer coisa. Um lápis, um atacador dos meus sapatos, um lenço de flanela meio sujo meio limpo, prendes os cabelos com os cabelos e ficas com o rabo de cavalo mais lindo do mundo. Ficas com a face toda ao ar ou misturada nele. E, nesse acto irreflectido, concebes uma espécie de Ó dois com mais qualquer coisa, qualquer coisa de eterno e efémero. Teu. E produzes a tua alquimia.
Acordas sempre na manhã de manhã ou na noite de noite sem insónias. Naturalmente. O mesmo rabo de cavalo de cabelos feito. Sem regras sem rugas. Outros boxers também meus. Os mesmos peitos na direcção daquilo que consegues atentar: O sol se de manhã ou as estrelas quando de noite. Arrebitados, como o teu nariz. Mais um beijo esguio se me encontras acordado. Esguio mas beijo. Esguio mas teu. E voltas a adormecer, naturalmente, escondendo os teus atrevimentos contra o colchão. Um colchão com ácaros meus e teus. Nossos.
Chuchas no dedo descomprometida.
Uma tatuagem que não tens desaparece entre o findar das tuas costas e o iniciar do declive que as tuas nádegas provocam nos meus boxers em ti vestidos. É uma tatuagem que poderia ser vermelha e ainda assim continuaria invisível porque a tatuagem não és tu. Porque tu não és a tatuagem. Mesmo assim a tatuagem esconde-se no subsolo da tua pele. Não é um desenho é uma inscrição. É uma inspiração. É uma afirmação exclamada ou interrogada.
Não é um desenho é uma palavra a dizer Amo-te.

Thursday, January 13, 2005

Seria o Infinito?

Não. O infinito é um círculo, fechado por definição.

Wednesday, January 12, 2005

Liberdade

Kaisersesch, Alemanha

Na imagem somente a liberdade é falsa:
A liberdade da ave que não passa de um autocolante manietado no vidro que separa o frio puro lá de fora do calor manipulado cá de dentro.
A liberdade do fotógrafo que não poderia dar nem mais nem menos aproximação, nem mais nem menos abertura e muito menos velocidade de obturação, para que a liberdade não se evidenciasse (basicamente) forjada.

Astrologia

Encontro-me, no momento, sentado numa sanita às voltas com algumas inquietações. Depois dos acontecimentos das últimas semanas, e expostas as circunstâncias em que me encontro, acredito que estejam já a conjecturar que irei escrever sobre política. Não, não vou... Mas irei dissertar sobre visionários de quase tão grande calibre: Os astrólogos.
Para além do computador que tenho sobre as pernas – a tecnologia permite-nos registar todos os desassossegos, mesmo os surgidos nos mais recônditos lugares! -, encontro, num armário mesmo a meu lado, uma série de revistas e jornais do dia e da semana – o dono desta casa de banho é dado a este tipo de leituras.
Poupo-vos os detalhes do lugar que é comum e avanço já para a abertura da primeira revista, na secção dos horóscopos. Aqui está:
“Um novo amor poderá surgir em sua vida. Não se descuide e observe mais os que o rodeiam”. – A primeira aproximação está a correr-me bem, há que referi-lo. Boas conjecturas, dados novos para chocar e chocalhar com a rotineira miséria humana. Fico calmo e, qual fanchonho, na tentativa de atestar o prognóstico, arrisco abrir a revista seguinte, na mesma secção: “O momento não é o ideal para novas aventuras pois a lua está em quartil com o sol. Não arrisque por enquanto até que nova conjugação lhe seja mais favorável”. – Ó diabo!, em que é que ficamos? Salto ou não salto? Risco ou não risco?
Tendo em conta as posições antagónicas daquilo que aqui me estão a destinar, aventuro-me na abertura de um jornal, para desempatar. Quero sair de cima desta sanita com a minha vida perfeitamente definida. Oriento, assim, a minha atenção para a descrição do dia para o meu signo: “Os nativos de escorpião poderão atravessar uma fase de algumas dificuldades financeiras. Cuidado, seja moderado nos gastos!”. - Mau!, todos estes prognósticos estão a ser demasiado enigmáticos para mim. Das duas uma, ou os astrólogos andam a ler astros diferentes ou então sou um atrasado mental que não entende patavina de tão ilustres descrições! Mantenho a calma - em cima de uma sanita não nos adianta ficar nervosos. Releio as previsões e ponho-me numa posição reflexiva (lembram-se da estátua “O Pensador” de Rodin, em que ele apresenta um filósofo sentado com a mão a segurar o queixo, pensativo? Pois é, ele como eu encontrava-se carregado de sincera preocupação e profunda reflexão sobre o seu destino. Ou muito me engano ou o filósofo da escultura estava sentado no mesmo objecto em que agora me encontro. Mais não digo para não gerar celeuma no mundo intelectual.) e, reflecti - sem falar, como fazem os espelhos, ao contrário de algumas pessoas que falam sem reflectir.
Dez minutos depois chego à conclusão que afinal até é fácil. Afinal os antas dos astrólogos até têm uma certa razão, senão vejamos: Por um lado, um novo amor poderá surgir na minha vida, por outro, o momento não é ideal para novas aventuras, por último, os nativos de escorpião poderão atravessar uma fase de algumas dificuldades financeiras. Onde está a lógica disto tudo, onde está? Está-se mesmo a ver... Austeridade financeira e mulheres nunca foram de compatibilização possível. É claro que se embarcar numa aventura que envolva mulheres vou passar por dificuldades financeiras. Simples não?
É caso para dizer: Que vivam todos os visionários que têm a medonha capacidade de nos fazer sonhar!

Friday, January 07, 2005

Sonhos “humidamente” acordados

Deitada e imóvel,
Recostada me sinto eu,
Com pensamento viajado
Num corpo fixado
Por certo que não o meu.

Combato desconsolada
A consciência do pecado,
Mas porque é sonho sonhado
Já me sinto ilibada.

Assim, mais confortada,
O sonho vai terminado
Pelo corpo possuído
Originar um gemido
Que não pode ser desmentido
Porque me sinto molhada.

Wednesday, January 05, 2005

Garinas on Waves

O hediondamente denominado (pelos portugas, está bom de se ver!) barco do aborto, conduzido pelas mãos de alguma menina da associação holandesa Garinas on Waves... Ups!.. Women on Waves, não veio a Portugal em vão. Veio mais para nos abrir inúmeras oportunidades de negócio do que para lutar verdadeiramente por uma causa. Não estarei longe da verdade se disser que centenas de empresários portugueses estudaram já o assunto e começaram a esboçar um planeamento estratégico para a diversificação das suas actividades. Já se sabe que o segredo para a sustentabilidade de qualquer empresário (Verdade!... A sustentabilidade não se quer para as empresas ou para os negócios mas sim para os empresários) é bater em muitas frentes, tendo bem definida cada uma delas, é claro, tendo formalizado e instituído para cada uma a sua missão. Uma missão precisa e bem estruturada funciona em qualquer área como a melhor das balizas para enquadrar os mais diferentes objectivos, especificações do propósito máximo para uma organização. Actuar em várias frentes é garantia de que no final de tudo (ou mesmo logo no início) haverá dinheiro suficiente (não sendo premissa básica) para comprar o carro alemão, francês ou sueco, que desde tenra idade cinge os movimentos psíquicos e intestinais de alguns (a maior parte) dos nossos “empresários”.
Ora, senhor empresário, aqui a ideia é simples (vamos ler devagarinho para ver se não sufocamos): Se Maomé (como é que se chamava mesmo o jovem?) não vai à montanha vem a montanha a Maomé. Se o barco não entra em águas nacionais porque vai contra a lei portuguesa, vão os nacionais ter com o barco e ficam desobrigados de a cumprirem. 12 milhas apenas! Onde é que está a oportunidade de negócio, onde está? Está nas doze milhas! Imaginem, a título de exemplo: O navio Silva’s Coffe Shops, charre-se no mar e vá curtir para terra; ou então, o Bordéis Navega, passe a noite embalado em boa companhia; ou, porque não, o Eutanásia Boat, há mar e mar há ir e ficar; o Catamarã Pena de Morte é também um bom negócio, venha cá que nós tratamo-lhe da saúde. Tudo a 12 milhas da costa. Simples, não? Cria-se uma empresa na Holanda, aluga-se um barquito com luzinhas deslumbrantes, para ser visto em alto mar, e toca a trabalhar!
É para ideias como estas que o nosso governo deve orientar os seus esforços. Ideias que trazem diversificação à nossa oferta turística e movimentam todos os sectores que lhe dão suporte. Passaremos a ter um mar cintilante e iluminado durante a noite, o que é agradável de se ver, e a Transtejo e todas as outras empresas de transportes terão oportunidade de alargar as suas redes, com a criação de carreiras regulares até às 12 milhas.
Senhor empresário, tenha em atenção que a esta altura do campeonato, apenas poderá prosseguir com um negócio destes em formato franchising - Sim, tenho que ganhar alguma coisa com ideias terríveis como esta. O suporte logístico e judicial ficará a meu encargo, afinal é assim que manda a lei dos franchizados.
Abra o seu negócio em alto mar, garanta já o seu Mercedes!

Tuesday, January 04, 2005

O jogo do pénis

Pode parecer absurdo mas torna-se urgente este manifesto contra o jogo dos pénis e das casas de banho públicas. Digo-vos pois, com toda a mágoa, que é muito mais fácil sair duma prisão do que de uma casa de banho pública!
Eu explico. Não sei muito bem porquê, ou quando, ou como, ganhei uma cisma aos puxadores das portas das casas de banho públicas. Não tenho nada contra puxadores, considerando, alguns, autênticas obras de arte. O grande problema está nas mãos que se servem desses puxadores ou, para ser mais preciso, no conjunto de acções que formam a sequência de saída das casas de banho. Não me mete confusão nenhuma que se segure com a mão o pénis na árdua missão de orientar a mijinha, muito menos que se sacuda o dito como forma de libertar os restos do excremento fluído produzido pelos rins. Faz tudo parte da psicossomática miséria humana. O caos estabelece-se na minha cabeça quando vejo grandes senhores, muito bem asseados, com boas vestes e bons perfumes, saírem da casa de banho imediatamente após guardarem a ferramenta por trás de um fecho éclair, sem antes lavarem cuidadosamente as mãos num dos inúmeros lavatórios das nossas casas de banho. Que raio de gente esta!
Por causa da sequência do nojo - Sacode; guarda; fecha a braguilha; e, abre a porta com as mão besuntadas de urina e sabe-se lá mais o quê – vejo-me constantemente obrigado a usar de esquemas para conseguir sair da casa de banho ser tocar no conspurcado puxador.
Estou certo de que não sou o único a passar por este martírio, assim, e na certeza de poder estar a contribuir para o bem estar da comunidade que usa as casas de banho públicas, deixo uma espécie de manual prático para a evasão destes locais.
A técnica do papel: Pode ser eficaz mas, não só não sendo bem vista pelos outros utentes das casas de banho pode, por vezes, tornar-se perigosamente acrobática. Com um papel numa das mãos abre-se a porta enquanto com um dos pés se impede que a mesma volte a fechar. Depois, com o braço esticado e o corpo todo balanceado para a frente, tenta-se colocar o papel no caixote do lixo mais próximo. Muitas vezes não há caixote do lixo perto da entrada então a única forma eficaz de resolver o assunto é mesmo guardar o papel, temporariamente, num bolso do casaco. Como já referi, esta técnica é perigosa. Fui já muitas vezes apanhado em posições demasiado caricatas, um pé na porta, outro pé equilibrando o balanceamento do corpo, a mão esquerda a servir também de amparo à postura e, a mão direita a tentar introduzir o papel, anteriormente usado para tocar no puxador, no caixote do lixo mais à mão. Nunca me descaí nestas situações, antes maluco do que dar as minhas impressões digitais ao manifesto!
A técnica da paciência: Consiste em esperar que um transeunte entre ou saia pela porta possibilitando a saída. É um alívio encontrar uma porta entreaberta! O esquema é simples. Enquanto secamos as mãos olhamos de esguelha para os movimentos da porta. Assim que um dos utilizadores se dirija para a mesma arrancamos também de forma natural, não vá dar nas vistas, em direcção a ela. Ele abre e nós aproveitamos o lanço para sair sem sequer tocar na porta, quanto mais no puxador! Às vezes é uma seca, pois não entra nem sai ninguém pelo raio da porta!
A técnica do pega-lhe mais acima ou mais abaixo: Esta técnica resume-se em tentar abrir a porta pegando em sítios onde mais ninguém ousou ou pensou pegar. É uma técnica apropriada para pessoas muito altas ou muito baixas e onde as portas possuem ranhuras nas quais é possível cravar as unhas dos dedos. Tem a lógica, antes untar os dedos de pó do que de mijo!
Sugiro pois que se regulamente, com decreto lei e tudo, a sequência de saída das nossas casas de banho públicas ou, alternativamente, que se construam lavatórios em zonas onde não existam mais portas para abrir. A ver se aprendemos de uma vez por todas: “Sacode; Guarda a ferramenta; Fecha a braguilha; Lava as mãos; Lava as mãos; Lava as mãos; Seca as mãos; e, por último, sai sadiamente pela porta.

Saturday, January 01, 2005

Lotaria Nacional

O Bocados tem disponível, a partir deste momento, 10.000.000 € para quem acertar na nacionalidade das seguintes esmeraldas:



Siemens S65 com câmara de 1.3 megapixeis incorporada ;-)